Além de ser considerado crime, os pulos de catraca interferem diretamente no cálculo do valor da tarifa e da distribuição de frota
O setor de transporte público coletivo em Aracaju e na Região Metropolitana recebe uma média de 135 mil passageiros por dia. No entanto, esse número pode ser ainda maior. Isso porque as empresas de ônibus registram, diariamente, mais de 2 mil pessoas que utilizam o serviço sem realizar o pagamento da tarifa de embarque, pulando a catraca. A prática, considerada um crime, vem resultando mensalmente em um prejuízo financeiro para o setor de transporte de mais de R$270 mil reais.
A prática, descrita no artigo 176 do código penal, estabelece como fraude o ato de utilizar-se de meio de transporte sem dispor de recursos necessários para efetuar o pagamento. Além da questão financeira, os pulos de catraca impactam diretamente em outros fatores como, por exemplo, no valor da tarifa, calculado pela divisão do custo do serviço e do número de passageiros pagantes, e no processo de distribuição da frota para as diferentes linhas.
“Como há uma distorção dos registros de demanda, as linhas podem indicar um volume menor de passageiros. Se um ônibus transportar 100 passageiros por dia e metade deles pulam a catraca, o registro contabiliza apenas 50. Com isso, os registros indicam que uma determinada linha transporta menos passageiros do que realmente acontece. O setor passa a entender que ali não existe tanta demanda para a linha, interferindo em uma possível superlotação em outros veículos e, ainda, aumenta o tempo de espera dos passageiros nos pontos de ônibus”, explica o diretor da Viação Atalaia, Emmanuel Lima.
O ato acaba comprometendo ainda toda a operação do sistema, pois a receita gerada pelas passagens é essencial para ajudar a cobrir os custos operacionais, interferindo na qualidade e eficiência do serviço prestado aos passageiros. Com a quantidade máxima de 78 passageiros por viagem e a quantidade de mais de 2 mil pulos diários, o setor de transporte registra uma quantidade de 25 viagens sendo realizadas sem passageiros. Por não cobrir os custos com as frotas, o valor necessário para manter o sistema também recai sobre os passageiros pagantes.
“Há um número exorbitante de pulos de catraca e, com isso, as empresas sofrem o impacto dessa ação até mesmo quando vão realizar a programação dos horários com uma estimativa de frota e viagens. O pulo de catraca faz com que não tenhamos uma quantificação da demanda real porque muitos estão cometendo essa fraude e interfere na qualidade do transporte para o próprio passageiro. Por esta e diversas outras razões, esse crime precisa ser coibido”, conclui o diretor.